Artigo do Kotaku mostra o conturbado e problemático desenvolvimento de The Last of Us Part II
O editor chefe e jornalista no site Kotaku, Jason Schreier, publicou um novo artigo sobre os trabalhos e desenvolvimentos conturbados na indústria de jogos, principalmente a respeito do “crunch”. Schreier já havia detalhado em outros artigos e principalmente em seu livro o desenvolvimento de Red Dead Redemption 2, Uncharted 4, Dragon Age Inquisition e outros.
Dessa vez, o jornalista conseguiu entrevistas sigilosas com vários membros da equipe da Naughty Dog, inclusive com a maioria trabalhando atualmente em The Last of Us Part II. Há vários pontos abordados no artigo e todos se referem ao conturbado e prejudicial processo de desenvolvimento dos jogos do estúdio.
A Naughty Dog é reconhecida principalmente pelos detalhes em excesso nos seus jogos, independente do que custe isso. Os entrevistados disseram que o “crunch”, trabalhar várias horas extras em longos períodos, faz parte da cultura do estúdio e que é algo que sequer é pedido aos funcionários, acontece praticamente de forma voluntária. O estúdio já criou uma política de contratações de novos funcionários, quase sempre seniors e nunca juniors, que já enquadrem nessa cultura.
Os funcionários quase sempre se sentem obrigados a realizar as várias horas extras necessárias para concluir o desenvolvimento do jogo. Isso não vem por ordem de gestores ou superiores, mas sim graças a outros funcionários que já aplicam o modelo dessa forma, fazendo assim com que aqueles que não sigam acabem se sentido fora do que a empresa representa. Alguns desenvolvedores comentaram como já trabalharam até tarde da noite enquanto obras eram feitas e acidentes aconteciam ou até em finais de semana.
Após o longo processo de desenvolvimento de Uncharted 4, vários funcionários não conseguiriam entrar novamente no mesmo ciclo cansativo e deixaram a empresa. 70% do time de designers saíram da emrpesa nesse período. Alguns funcionários disseram que não faziam pausas para os lanches em horas extras ou sequer tomavam banho em alguns dias.
O adiamento de The Last of Us Part II para maio de 2020 caiu para a equipe não como um alívio na tensão do desenvolvimento, mas sim como mais 3 meses de trabalho agressivo até o lançamento do jogo. Alguns departamentos já estão em ritmo de “crunch” desde 2018.
Algo também reportado é sobre o processo gerencial do estúdio, principalmente quanto a falta de um departamento de produção. A Naughty Dog também é conhecida por dar liberdade aos funcionários para fazerem o jogo melhor sem muita burocracia, mas isso acaba por levar à uma desorganização. Semanas de trabalho já foram jogadas fora graças a falta de comunicação ou informação de outros departamentos. Sem ninguém para coordenar as tarefas e se tudo acontece como planejado, horas e horas de trabalho já foram desperdiçadas.
Bruce Stranley, ex-diretor do estúdio, saiu da empresa após o desenvolvimento de Uncharted 4 por já saber que não conseguiria passar por outro processo complicado de desenvolvimento, algo que não mudou para Uncharted Lost Legacy e agora com The Last of Us Part 2. Mesmo que vários funcionários acabem entrando no processo de “crunch” por vontade própria e que até gostem disso, vários se sentem exauridos e acabados.
O artigo completo pode ser conferido aqui. A Sony ou a Naughty Dog ainda não responderam sobre o informado no artigo do Kotaku.